quinta-feira, 12 de abril de 2012

O Que As Revistas de Moda Estão Tentando Fazer Com Você


Nas prateleiras de revistas que encaro enquanto aguardo a minha vez na fila do supermercado, os editorias de moda parecem ter combinado com as revistas de “saúde” e beleza, e me gritam “101 tipos de sopa seca barriga”, “50 séries de abdominais que vão deixar sua barriga uma tábua”, “Saiba como perder 5 quilos em 3 dias”, “Siga a nova dieta de Kate Middleton”. Nos semáforos pelos que passo assim que saio do trabalho recebo panfletos para degustar o delicioso shake que te ajuda a emagrecer. É uma cortesia pra você conhecer a loja de “produtos naturais” que quer substituir seu almoço por dois chás diuréticos e um shake sem gosto. No meu email recebo várias mensagens de sites de compras coletivas com ofertas de terapias anti-celulite, massagens redutoras de medidas, aplicação de enzimas, sessões de bronzeamento artificial e promoções em spas. Nos outdoors e propagandas de revistas modelos esqueléticas desfilam a cintura fininha photoshopada que eu deveria cobiçar, que deveria ser minha meta de vida.

Todos os dias somos bombardeadas por esse tipo de informação que te indica como você deve ser, como deve agir e em que deve se espelhar. Essas ideologias estão tão impregnadas em nosso cotidiano que às vezes torna-se uma tarefa árdua fugir dessa rede invisível de influências. Vivemos uma época em que temos como “modelo de beleza” Victorias Beckhans, do tipo que, se engordam alguns gramas, se sentem com obesidade mórbida. Somos condicionadas a achar bonito esse padrão de beleza à la boneca Barbie – que não existe. E é exatamente isso o mais irônico de tudo: somos levadas a crer que devermos perder tempo com horas de pilates, de câmara de bronzeamento artificial, de sessões de drenagem linfática, a gastar dinheiro com shakes dietéticos, massagens redutoras e quem sabe até entrar na faca em uma mesa de cirurgia pra fazer uma lipo sendo que todos esses esforços são em vão. Jogamos tempo e dinheiro fora porque essas mulheres perfeitas não existem. Quantas vezes já pegamos fotos de famosos na piscina onde furinhos de celulite são flagrados, ou quando escapa a imagem de uma modelo posando para uma campanha antes do tratamento de photoshop. E aí a gente vê aquelas fotos e bate uma sensação de alívio, de que aquelas divas indefectíveis na verdade são pessoas como a gente. E é um absurdo sentirmos essa sensação de alívio, porque não deveríamos nunca nos sentir mal por sermos seres humanos.

O que acho mais irônico é como tudo não passa de uma competição feminina e como o sexo frágil consegue ser tão exigente e perfeccionista consigo mesmo. Para elas, tem imperfeições masculinas que são “normais”, consideradas até “charme” – tipo a barriginha, o nariz grande, uma entradinha – agora se o assunto é uma mísera de uma celulite… lá vem tempestade! E já a maioria dos homens nem sabe ao certo qual é a diferença entre estria e celulite. Por isso, se você é do tipo que na hora do sexo fica mais “à vontade” com as luzes apagadas para disfarçar defeitinhos: relaxa! Pro cara conta muito mais a mulher ter atitude na hora H (como falar do que gosta, fazer um boquete olhando nos olhos…) do que o resultado de seis meses usando cremes modeladores. Tirou a calcinha, agora desencana!

Calma, mulheres! Eu não estou dizendo que é para vocês pararem de se cuidar, longe disso! O que não vejo sentido é em querer ficar “bonita” para se encaixar em padrões já pré-estabelecidos, sendo que atitude conta muito mais do que horas de drenagem. Amor próprio em primeiro lugar! Não tem que entrar na dieta porque viu na revista que a moda é essa ou porque o namorado pediu. Você tem que se cuidar para, acima de tudo, se sentir bem consigo mesma, em vez de gastar tempo tentando seguir um padrão. E se for pra malhar algo em excesso, que seja o cérebro, e não o corpo.

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