domingo, 22 de janeiro de 2012

O fenômeno das mulheres-frutas


Você pode ter passado a vida toda achando que a carne da fruta era sua parte principal. Mas, mal imaginava você, que toda a estrutura da fruta – suas cores, seu cheiro, sua poupa suculenta e seu sabor – serve apenas para proteger e nutrir a semente. Quando ela está pronta para germinar, o fruto amadurece, convidando os mortais para degustar sua carne, pedaço por pedaço, até que a semente possa finalmente se libertar e cumprir seu destino. A fruta é, ao mesmo tempo, proteção e chamariz.* Tem gente que prefere só comer a carne, e tem preguiça de comer o necessário para chegar na semente. Come o que lhe é conveniente para sua fome momentânea. Apenas o superficial. Depois joga o resto fora, mal sabendo que a riqueza da fruta, na verdade, estava escondida. Coincidência ou não, de tempos para cá, surgiram uma infinidade de mulheres-frutas – melão, melancia, jaca, maça. Seria uma referência quase acidental a frugalidade inerente da fruta? O fato é que, da mesma forma que a carne é apenas alimento momentâneo, a aparência, o externo, o material, também são. Muitas vezes queremos o gostoso, o momentâneo, o que mata a nossa vontade na hora. Não temos tempo nem paciência de desbravar toda a polpa para então chegar no centro. E pessoas passam pelas nossas vidas assim. São como ideias. Um dia ouvi que elas viajam o tempo todo pelo cosmos – se suas antenas não estão ligadas, elas passam por você direito, impiedosamente. Não há segunda chance. E assim vão navegar por outras dimensões, até que encontram uma antena ligada o suficiente para captá-las. Como o caso do namorado que termina com a moça e, ao perceber que alguma outra antena a captou, se desespera, corre atrás, persegue – mas não há volta. As oportunidades pertencem a quem desejam-as suficientemente para possuí-las – e para os que tem coragem de desbravá-las.

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